quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Entrevista com Vereadora Neusa Stoll (Feita em Novembro de 2008)



Neusa Stoll estréia na política



Neusa Stoll é a única mulher que se elegeu vereadora em Pomerode nas eleições desse ano. Ela obteve 409 votos. É funcionária pública da Secretaria da Saúde de Pomerode e inicia na vida política no próximo ano. A motivação dos colegas de trabalho e amigos fez com que Neusa se candidatasse e encarasse esse desafio. Ela diz que uma das razões que a levaram a entrar na política, foi a consciência de que só reclamar dos políticos não basta.
Sua filiação é recente, aqui em Pomerode, acontecida depois que começou a receber sugestões para se candidatar, do Deputado Gilmar Knaesel e da Vice Prefeita Ivone Spranger, mas já era filiada ao PSDB em Blumenau a dez anos.

PZ: Qual é a sua visão do atual governo de Pomerode?

Neusa: Esta é uma questão difícil de responder. Isso é mais ou menos como a Seleção Brasileira. Cada brasileiro é um técnico. Nessa multiplicidade de opiniões vemos que ninguém contenta a todos. O administrador público passa por avaliação idêntica. Para atender em maior amplitude os anseios do povo ele tem que filtrar as demandas e realizar as possíveis. E as que não foram realizadas continuam sendo as cobradas. É um rosário sem fim. Acho que o governo atual de Pomerode realizou o possível.

PZ: Qual é o seu projeto para ano que vem?

Neusa: Há muita coisa para ser feita. Entendo que ninguém é detentor da verdade quando se trata de uma representação pública. Por isso, meu projeto é ir buscar “in loco” as prioridades definidas pela sociedade e, com base nessas informações, estabelecer um plano de atuação que justifique a minha eleição perante aos que acreditaram na proposta de Trabalho e dedicação em busca da solução.

PZ: Você acha que as mulheres têm uma visão diferente dos problemas da cidade?

Neusa: Sim! As mulheres sempre terão uma visão diferente sobre os problemas da cidade. É próprio da psicologia feminina essa visão diferente. Enquanto o homem é prático nas avaliações que faz utilizando a sua visão de conjunto, a mulher é detalhista e busca as soluções em cima de objetivos definidos em cada caso. A visão da mulher é sempre mais voltada para soluções que levem em consideração o aspecto humano dos problemas.


PZ: Sobre as diferenças e preconceitos que as mulheres ainda enfrentam no poder, o que você tem a dizer sobre isso?

Neusa: Em Pomerode temos uma situação um pouco diferente em relação ao assunto. A comunidade já aprendeu a ver a participação da mulher na vida pública com bons olhos. Tanto é que tivemos e temos mulheres na chefia de diversas instâncias de governo, como o caso do Judiciário e do Executivo Municipal. Neste, aliás, as três últimas gestões tiveram a participação de mulheres com a prefeita Magrit Krueger, depois a vice-prefeita Ivone Spranger e agora a vice-prefeita Gladys Knaesel. As diferenças ficam por conta da falta de hábito da população em ver mulheres em postos-chave antes só ocupados por homens. É por assim dizer, uma reação de conseqüência cultural. Mas está mudando. Quanto ao preconceito, esse deve levar bem mais tempo para ser superado. E só evoluirá para melhor no dia em que os pais passarem uma educação adequada para os filhos, sem distinção entre homem e mulher quanto aos direitos humanos, às prerrogativas sociais e à capacidade intelectual.

PZ: Entre tantos vereadores homens, como você se sente em estar nesse meio, onde a participação das mulheres é pouca?

Neusa: Sinto-me bem. Não sei como os homens se sentem. Entendo que o representante legislativo tem muito a fazer pela comunidade, independente do fato de ser homem ou mulher. Pelo contrário: na soma das diferenças, em que o homem é prático e objetivo, e a mulher vai aos detalhes e é humanista, podem ser encontradas soluções bem mais completas, que talvez não fossem possíveis com a predominância de uma das tendências psicológicas de cada sexo.

PZ: Como você vê a situação das pessoas carentes do Município?

Neusa: Não é só no município. As pessoas carentes sempre me chamaram a atenção e me preocupam exatamente por viverem uma situação de exclusão. Pomerode faz a sua parte e nós vamos avaliar a possibilidade de fazer mais ainda, através da contribuição de idéias, projetos e sugestões da Câmara de Vereadores, para encontrar meios de minimizar a carência através da inclusão social. Costumo dizer que a maior carência das pessoas não é a falta de bens materiais e sim a falta de condições para lutarem por si mesmas.

PZ: Você trabalha na área da saúde, como você vê a saúde em Pomerode, quais são os pontos mais críticos e o que ainda precisa ser feito para melhoria?

Neusa: A área da saúde em Pomerode tem sido reconhecida como uma das mais atuantes no Estado. Serve inclusive de modelo para muitos outros municípios a partir de informações repassadas por órgãos gestores de nível estadual. Isto, contudo não quer dizer que estejamos isentos de deficiências. Elas existem a partir da falta de implementação de alguns programas do SUS, que acredito serão solucionados ao longo do tempo. É claro que isto não serve ao imediatismo das pessoas que necessitam de atendimento, nem servem de consolo para os que atuam na área. Mas é alentador sabermos que estamos fazendo bem a nossa parte dentro das condições à nossa disposição. Sempre há o que ser feito para melhorar qualquer programa de trabalho, em qualquer setor. Na saúde não é diferente. Mas é uma questão a ser debatida “interna corporis” entre os futuros administradores, para a qual tenho muita contribuição a dar em função da experiência já acumulada no setor.

PZ: A educação é hoje prioridade em todo o Brasil. Como você vê a educação no nosso município?

Neusa: Pomerode tem tradição na área da educação. Faz muito tempo que ouço referências elogiosas para o sistema aplicado em Pomerode e pela valorização dos profissionais da educação. Salvo constatação diferente que venha a fazer no exercício do mandato, vejo Pomerode a caminho da adequação dos seus programas ao que é preconizado pelo Ministério da Educação, sempre com estilo próprio e dedicação do magistério, educadores e comandantes do processo.

PZ: Cada vereador (a) tem as suas idéias e o seu ponto de vista que deve ser aproveitado e respeitado. Como você vê tantas idéias sendo desperdiçadas, muitas vezes por falta de recursos, ou por descaso do Poder Executivo?

Neusa: Qualquer boa idéia desperdiçada é retrocesso. É tão comum hoje sabermos que é preciso “andar para frente”, que uma boa idéia não levada em consideração, não aproveitada, não transformada em realização, já não é uma idéia abandonada e sim uma causa para retrocesso. O que acontece é que muitas vezes as idéias brotam de vertentes político-partidárias não afinadas com este ou aquele Executivo e aí caem no esquecimento. Mas isto sempre foi, é e será condenável toda vez que resultar em prejuízo para a comunidade.

Gostaria de fazer uma exortação aos vereadores reeleitos e aos novos eleitos para estrearmos a nova legislatura mais concentrados nas necessidades e soluções buscadas pela comunidade do que de olho em interesses político-partidários. Estes são subalternos em relação ao que a população de Pomerode espera de nós.
E é para o atendimento das suas aspirações que fomos eleitos como seus representantes e não, apenas, como representantes de partidos políticos. Nessa linha de conduta é certo que chegaremos ao final do mandato, que se inicia em janeiro, cumprindo o que o povo espera de nós.
E agradeço ao Jornal por abrir este espaço para nós Vereadores colocarmos nossas idéias mais próximas dos eleitores, enfim, de toda população pomerodense.

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